segunda-feira, 18 de junho de 2007

Prelúdio


-Como começar? Ahn...Senhoras e Senhores, sejam bem-vindos a esta orgia...Oh não, morte aos clichês, terríveis pedaços do vazio ecoados de forma indigesta!
Bem...Na falta de um belo prelúdio só me resta apresentar este tolo aos teus
olhos sonolentos. Sou Friedrich e Nada Mais. Fiquem à vontade, desfrutem das
visões febris. Não sejam tímidos! A beleza de Vênus e seus derivados
encontram solo fértil neste mundo infame...
-Friedrich, com quem fala? 
-Ahn...Só um momento, caro público.

Friedrich: Ah, melhor assim, não? Poderão agora reconhecer quem fala, não é incrível? Quase fui descoberto agora, aliás, logo descobrirão esta fresta e certamente serei cruelmente punido com garrotes e pêras. Odeio os malditos garrotes e pêras! Ah sim, odeio também os clichês!
Odeio os malditos garrotes, pêras e clichês! Os garrotes rasgam a carne fresca como hienas famintas. O corpo se torna objeto de horror e asco. A dor induz à castidade obrigatória e o que podemos fazer? É a pior das punições, mas não me venha com as Pêras Vingues!...Ah! Afasta-me o banquete repugnante! Poderia
eu me refugiar no Paraíso? Ah sim, este é o Paraíso e ainda encontro os clichês ziguezagueando pelas passarelas. Outro dia, (é claro que temos apenas um grande e único dia, mas considerem como forma de expressão) decidi visitar minha querida Desdêmona e eis que encontro um deles pairando sobre a névoa.
“E Viveram Felizes Para Sempre” em pessoa, ou melhor, em clichê, ali, diante de mim, com seu jeito tosco de rabisco. Pareceu zombar de mim com suas fagulhas pruriginosas. Furioso, agarrei seu colarinho engomado e o atirei longe, para a boca de algumas guta-perchas, num divertido trocadilho com o destino das belas sapotáceas. Mas permitam que eu explique o que está havendo, estimados observadores. Oh, que dádiva as terras de Vênus! Certamente uma das mais adoráveis esferas de todo o Cosmo. Sublime em seu cerne, repleto da mais pura luxúria desvairada. No entanto, tal qual os diversos movimentos artísticos, Vênus, desde sempre romântica, abrigou em sua carne apenas os amantes genuinamente platônicos, compondo assim uma aquarela um tanto quanto Piegas em suas dimensões. Quanto a nós, insanos amantes vanguardistas, não tínhamos lugar naquela festa pomposa. Em reação a isto, surgiu na esfera de Tétis, uma grande névoa no cosmo, que foi com o tempo se concentrando no próprio centro da esfera. A Alva Interminável de Tétis esboçava suas primeiras cócegas e ao se desenvolver deu lugar à grande orgia alternativa do Universo, onde figuravam os mais diversos tipos de maníacos. Esta é a nossa morada, onde o tempo não corre e os prazeres são infinitos. Se permanecemos quietos por um momento, lembramos que estamos em um constante e funesto orgasmo e voltamos a senti-lo. Com Licença...(............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................uhh